31 de dez. de 2011

2012

Que os Maias acertem suas previsões!
E acertem quem vai ganhar no futebol
E acertem quem vai ganhar na loteria.
2012 tem 12 meses de 12 horas cada turno.

Não me importo com os meios-termos
Eu quero definições.

Rodopiantes os fogos brilham os céus e fazem as estrelas
se sentirem pequenas.
Brilhante, brilhantemente. Haverá crianças haverá velhos.
O pudor do mar destruindo jantares perfeitos
Areia fofa.

Torço para os Maias
Que entrem na libertadores das Américas!
Ou se tornem uma nova causa de câncer.
Se calhar, tudo terminará em pizza.
Se calhar, tudo terminara em tranza.
Se calhar, tudo terminara em tranze.

Fogos de artifício.
A festa dos que sobreviveram.

Fogos.
O mundo não acabou de novo.

26 de dez. de 2011

Uma noite apenas

Tudo durou uma noite apenas
Mas fora uma noite tão magnífica
contamos segredos em palavras pequenas
Contanto mental se misturando com pura física.

Tudo durou uma noite apenas
E não mais muito menos, menos.
Você com seu punhado de palavras serenas
Deixou em minha memória o que não seremos

Sentira remorso quando acordou.
Isso acontece mesmo aos corações mais trabalhados
Viu o que disse e então se lembrou
Daquilo que não deveria ter falado

Então disse: Jamais!
Não acontecerá, não venhas!
Os segredos não existem mais.
Pois tudo durou uma noite apenas.

23 de dez. de 2011

Fogo

Eu acendi o fósforo e queimei nossas fotos
nossas lembranças
nossas cartas
nossos dilemas.

E tudo virou cinza

Eu virei cinza

Eu acendi e esqueci de tudo
O sol brilhou como o fogo que arde no chão
Deste escuro quarto.

Não me importo com as chamas
Nem que o inferno ria
Nem que as coisas voltem piores
Tudo já fora queimado, inclusive eu.

Mais ainda recebo telefonemas...

O fogo já consumiu o que você acreditava
que eu fosse
e eu era assim

O fogo já consumiu quem eu fui
E agora já não me conhece mais
E o fogo continuará a consumir

Eu acendi o fósforo
E explodi o mundo

21 de dez. de 2011

Felicidade

Não acreditaria que sorriria este ano
Mas os sorrisos são teimosos.
E o ano termina bem.

Resolvi problemas
Resolvi pendencias
E mesmo com o ódio alheio nada me atinge mais.

Nada me atinge mesmo?
Tenho a certa certeza absolutissima
E o ano?

Bem, amores se foram
Outros quem sabem
Mostrei-me

Agora estou feliz
como nunca estive

13 de nov. de 2011

Domingo triste

Dia, mais esse.
Domingo enfadonho
Dor que persiste
Não sei o que componho
Tristeza tomou conta
E agora não quer mais sair
Tal coisa me desmonta
Meus inimigos estão a rir
Dia laranja, poente...
Sufoca-me uma dor que não sei
Há tanto não estou contente
Não espero o amanha que verei
Queria tantas coisas simples
Que o silêncio é o mais simplismo
Queria que um dia sorristes
Que meu eu saísse deste abismo
Vivo como se a felicidade existisse
Mais este domingo triste

2 de nov. de 2011

Em nenhum lugar

Não estarei nos lugares que olhes
Não estarei na mesa da cozinha
Não rirei das tuas piadas
Não falarei dos sonhos que tinhas

Fiel as palavras que possues
No meio do mundo inteiro
Não terei meias-paradas
Pois sorrirei sempre que pudera

Enfim, não te verei nunca mais
jamais!
Para que tais mentiras não se repitam
E em todas as coisas que acontecem
Paz!
Terei e descansarei finalmente

23 de out. de 2011

Adeus

Até que o fundo do poço
é um lugar tranquilo e silencioso
Você pode ter tudo que quer
Menos aquilo que realmente quer
Te deixarei ir
Antes que eu te machuque
E entre as mais puras lágrimas
De alguém que não se arrepende
em dizer
Adeus.

Adeus.
Palavra que define tudo
E a tudo definirá!
O sangue sagrado que jorra
São as lágrimas de um amanhã sem amanhã
O destino pode se divertir
em versos escuros sem amor
Mas quando meu coração está a ferir
Direi "Adeus"
Sem rancor.

21 de out. de 2011

Silêncio deste dia

Vou-me embora no silêncio destes poucos dias
Entre tempestades cruéis e noites frias
E quando o silêncio, que nada diz, nada dizer
As nuvens se revelaram antes do sol nascer

E o medo inconstante e inconsciente
De ser o meio perdido
Pois no profundo da mente
Mentimos em ter entendido

Agora brota o sangue até então conhecido
De distante lembranças então despercebido
Alimentara um fogo distinto
De uma alma, de um instinto

E como criança em seus gritos
Chamando atenção para as suas raivas
Entendo que tenhas, no passado, sofrido
E que nada adianta as minhas palavras.

Escravo sou de minha mente
E não que nunca fique contente
Mas dizer tais palavras que poucos gostam
Solidão atinge aos que amam

Vou-me embora no silêncio
Desaparecer a quem nunca me viu
E me perderei nas ideias que penso
Pois o que era eu, sumiu.


7 de out. de 2011

Corrupção

Corrupção
Viva, viva
Explode e mata a erupção deste vulcão
Que é a corrupção
Pára coração
Não dá o feijão
Pois foi roubado pela mão
da Corrupção
O não
deram o Circo
e o Pão
sou pobre então?
graças a minha
falta de educação
me tornei mais um
no rio da
Corrupção

19 de set. de 2011

Nos olhos do demônio

Quando olho em seus olhos
Vejo um pouco o que o passado era
Vejo a tristeza que representou minh'alma
Vejo a beleza que neguei ver por muitíssimo tempo

Seus olhos
Representam o mal que me fizera
A palidez que transpõe dos rios a calma
E as lembranças de tempos até então poucos e limpos

Fechai-vos
Tais olhos de demônios famintos
Pois importa a dor que eu sinto
E as palavras quando eu minto

Petrificai-vos
Nossos duros corações
Pedra pura em forte porções
De um velho tinto vinho!

Quando olho em seus olhos
Vejo um pouco do que se fora no futuro
Vejo as lágrimas que um dia foram minhas
Vejo os olhos do demônio

4 de set. de 2011

Perdendo a religião

O tempo quer que eu vá
Mas eu insisto em ficar
Os símbolos sagrados
Rejeitam o milagre que eu sou
Pois são rejeitados
Mesmo sendo um ser incolor
Em razão do destino
Minha apoteose não aconteceu
Agora sois menino
Mas minha criança morreu

Morreram santos
São pequenos e tantos
Em rastro de mentira
Ignorância vã, talvez...
Palavras que como flecha ferira
Permitindo que o tempo voe mês a mês
Sagrados são os votos
E a consciência humana
Mesmo os reis mais tolos
Mesmo a mente mais insana

Agora o Diabo ri em seu inferno
Ri e se diverte como menino
E o céu fecha-se em tempestade
Com a invasão que o homem planejou
Bebel mesmo construída pela metade
Ícaro em noite de lua voou
O homem em sua religião
Nada mais ele crê
Pois não precisa mais de perdão
Não tem medo de morrer
Quebrara as estatuas de deuses e diabos
Cultivara um jardim de flores maléficas
Não serei protegedor de nenhum lado
Pois não creio mais em tais figuras angélicas!



25 de ago. de 2011

Balada do semi-deus

Expurgo de minha inconsciência
O mal que o mundo me fizera
E não pedirei clemencia
Pois não tornarei a terra

Caminharei como semi-deus imortal
Dionísio de embriaguez andante!
Não faço parte de tal mundo animal
Sóis cavaleiro andante!

Mas o mal caminha ao meu lado
E me diz palavras rancorosas
Ando silenciosamente calado
Pois sei que minhas palavras serão mentirosas

Enfrentarei os gigantes de minha loucura
Permitirei que sozinho o pródigo torne a casa
Pois meu coração é vasta sala escura
E nada há o que se faça

Me perderei nos caminhos sem volta
Sem medo da morte ou de Deus
E encontrei onde o traidor perdeu as botas
Todos os sonhos meus

Agora, semi-deus caído
Dionísio como um anônimo beberrão
Sentimento demais por sentido
Caio do céu, torno ao chão

21 de ago. de 2011

Soneto maldito

Escrevo este impuro soneto
Para  as almas mais impuras
Do qual não se exige respeito
Nem se faz misturas!

Cuspo nas minhas palavras
Pois do lixo elas nasceram
Agora, do verso escrava
Como os antigos poetas escreveram

Sujo, infiel, poema maldito
Eis lança de fogo
Não tenho vergonha de te-lo escrito!

Cada palavra fere como ferro
São flechas poéticas então
Pois são ditas pelo homem mais sincero!



17 de ago. de 2011

Fenix

Fenix, do cinza do dia
Nascera novamente
Ressurge!
Renasce!
Agora cinza de novo
morre.
Vai desaparecer por via das dúvidas
Morrerá quantas vezes for preciso
Mas nascerá de novo
Cada vez mais forte
Porém, cada vez diferente
Fenix nunca desistirá
De ser o deus grego da teimosia
Não será morto
nem por suas próprias mãos
Nem pelas mãos de outrem.
Renasce e morre
Morrerá para renascer!
Fenix, filha de Caim
Com a marca dionisíaca em seu peito
Não morrerá de novo das mesmas coisas
E se morrer
Nascerá mais forte
Da cinzas
Num dia cinza.

16 de ago. de 2011

Agradecimentos

Pois é meus amigos, estas foram as animadas poesias de Equilíbrio Distante. Obrigado pelo apoio dos comentários e dos muitos e-mails que eu recebi. Espero que tenham gostado, ou não.

EQUILÍBRIO DISTANTE - Desistência

Esteja sozinho como eu estou
Sinta esta sensação de solidão
Agora saberá para onde vou
E o que representa o parar do meu coração
E o vento solitário que corre nas minhas cortinas
Desisto, o amor não é para mim
Machucado, cortado, destruído por estas meninas
Traçaram então o meu fim.
E nesta carta de despedida
Deixo meu coração para o futuro
Cada ilusão pedida
Cada cara no muro
Estou cansado das pauladas da vida
Estou cansado de andar no escuro
Cada página não lida
Cada ar impuro
Findo meu cadáver no Equilíbrio distante
E escrevo na minha lápide o motivo de ter ido
Eis aqui um eterno amante
Que nunca fora correspondido

9 de ago. de 2011

EQUILÍBRIO DISTANTE 3 - Decepção

Atiro-me do penhasco mais alto
Buscando cair nas águas mais frias
Sabendo que voar é uma ilusão
Em meio a queda, fecho os olhos
Sinto que as lágrimas caem comigo
E farei parte do mar então
Estou muito cansado
Do sofrimento que fora imposto a mim
E de tanta decepção
Desejo que meu coração pare de bater
Pelo simples fato dele deixar de bater
Pelo simples fato de não querer ter razão
Quero ser feliz mas é impossível
Quero sentir os raios do sol
Quero saborear a vida e a paixão
Mas tanto quanto impossível
Decepciono-me tanto com todos
E nunca aprendo a lição
Caio do penhasco mais alto
Nas profundezas do mar mais profundo
Pois acredito que esta é a solução
E agora livre das amarras do corpo
Pois minha tristeza afunda com meu corpo
Depois de tanta decepção

8 de ago. de 2011

EQUILIBRIO DISTANTE 2 - O silêncio dos mortos

O vento tem uma pergunta
As vozes se calam
Não haverá mais luta
As coisas param
Em terra sem luz
Com o frio nos ossos
Nas noites azuis
Nos fundos dos poços
Carrego em mim
A fúria dos homens
Escrevo o fim
Em letras solúveis
Os mortos não falam
Respeito o seu silêncio
As vozes que  calam
Não dizem por extenso
Brilha no céu
A alma e o dia
Perdi o que é meu
Sentimento que ardia
Eles se foram
Se foram tão cedo
Não peço que morram
Pois eu tenho medo
E os mortos se calam
Não mais ouvirei
Seus sussurros estalam
No silêncio morrerei


5 de ago. de 2011

EQUILÍBRIO DISTANTE 1 - Se as luzes Insistem

Se as luzes insistem
Persistem
quem sou eu para negar?
Cada palavra falha
Cada erro ortográfico
Cada gramática queimada
Se as luzes tem versos
Pobres versos brandos
Sem mesmo ter como explicar
No meio fio
No fio da navalha.
Não negarei
Nem darei minha outra face a tapa
Nem apagarei com a borracha da vida
Gostaria de nascer de novo
Fazer tudo diferente
Para ser igual
Meus erros me transformaram
No que eu sou
E corrigir-los seria apagar minhas qualidades
Eu insistirei em não rimar
E insistirei no breve silêncio das palavras
Porque? Pelo simples fato.
Pelo simples fato
Pelo simples fato...
E as luzes insistiram
Em me acordar
Em não me deixar dormir
Elas falaram as verdades que não escutei
As mentiras que eu contei
As lágrimas que eu fiz cair
Elas falaram para o solitário
O distante solitário
A verdade
E a mentira

Equilíbrio Distante

Começo uma pequena série de poesias. Será nomeada de "Equilíbrio Distante" do qual também é o nome de um álbum solo do Renato Russo, mas esta série não terá nada haver com o álbum e muito menos será em Italiano. Não sei se realmente há pessoas que leem este blog, mas se há. Dou esta singela homenagem a vocês que acompanham com toda paciência os escritos deste pseudo-poetinha.
O comentário de vocês é muito importante para que eu tenha ânimo para continuar escrevendo, mas dizem que o silêncio também é um dos melhores discursos.
Bem, é isso.
Espero que gostem.

29 de jul. de 2011

O mais solitário homem do mundo

Vive aqui o homem mais solitário do mundo
Fruto de um longo estudo
Suas razões, seus amores, seus amigos
Sua solidão
Vive aqui dentro, o mais solitário homem do mundo
Ele deseja sair, sorrir, voar. Ele não pode.
Ele está cansado de receber não como resposta
Ele está cansado de respirar o solitário e frio ar
Ele está cansado e com sono
O mais solitário homem do mundo se mistura
E a multidão se torna sua casa
Mas a multidão ignora a própria multidão
E o mais solitário homem do mundo
Não tem suas lágrimas ouvidas
Nem seu choro escutado.
Ele não ama, mas sente amor
Ele não cuida, mas quer cuidar
O mais solitário homem do mundo
não sabe para onde ir
e nem com quem ir.
Sua solidão é tanta
que ele acostumou com a solidão
E vive em um lugar só
Na terra do sozinho.
Ele nasceu só, cresceu só e morrerá do mesmo jeito
E a morte é algo que se aproxima dele
Passo à passo
Pé à pé
O mais solitário homem do mundo
Está sozinho
Eternamente

22 de jul. de 2011

Via crúcis do corpo

Teu corpo era novidade
Mas encontrei o caminho certo
Descobri a tua verdade
Pelo menos acredito ter chegado perto
Agora extasiado
Com você morando no meu pensamento
O coração parado
O tempo de espera como tormento
Conheço cada curva do teu corpo
Cada lugar que resplandeceu
Não se mede a água no copo
O sol no teu interior nasceu
Sujos e limpos no palco de pedra
Nossos corpos nus com a marca do tempo
Os nossos detritos que a água leva
E nosso passado que é limpo
Morremos e nascemos
e se tornamos uno
Não percebemos
Nosso espírito troca de turno
E nossas bocas se uniram em um estalo
E nossos corpos se uniram novamente
Não podemos mais para-lo
O que temos em mente?
Ter que ir embora
mas pensar no próximo dia
Nosso coração não demora
Pois nada se perdia
Deus morto ou vivo não viu nosso amor
E Apolo não entendeu de onde se irradiava
                                      [ tanto calor

20 de jul. de 2011

Nowere land

Eu vejo as sombras nos seus olhos
Quando a lua e as estrelas
Presenteia-me com a escuridão
E a dor nos ossos
Em cada palavra bela
Em cada batida do coração.

Para o homem que está só
a solidão não é algo
Estar só no meio do mundo inteiro
E os amigos já foram ao pó
Já não há mais o afago
Rachou a vida ao meio

Agora com o movimento dos rios
Com o frio que instala em meu peito
As minhas asas já cresceram
Irei para um mundo dos mais frios
Lá, na solidão, eu tenho meu leito
E as tristezas morreram

19 de jul. de 2011

A auto da grípe

Espirro.
O claro frio da noite me congela
O dia de amanha me espera
eu espirrarei com meu eu lírico!
eu espirrarei a plenos pulmões
eu espirrarei
eu gritarei
eu falarei
não morrei jamais!
E a enfermidade me levará.

Espirro.
Meu corpo dói
Minha vontade já foi
Espirro.
Os poetas morrem disto
disto e de amor
não amo mas estou enfermo
não amo e não sou o mesmo
amo,
não.

Espirro
Tosse e agonia.
Saí de mim fria
Mas sobreviverei junto com meus versos
Meu coração teimará em bater
Eu teimarei em viver
mesmo espirrando
mesmo tossindo
mesmo querendo morrer nos braços
de uma linda mulher

Espirro


17 de jun. de 2011

O Ralo

O grito fúnebre das aves
Preludio para a tristeza
Nos corações partidos
Nas feridas não cicatrizadas
No suco gástrico da morte
E da meia-noite.
Há estupros, há bebidas
O sangue desce pelos esgotos pútridos
E assim é feita a humanidade
Homens sedentos com cheiro de álcool
Seus olhos vermelhos
As drogas correndo em suas veias
Puro malte
Puro vinho
Busco frases em latin pré programadas
Mas minha preguiça não me deixar pegar o livro
A bíblia do sábio
As ruas de neon
Prostitutas nada dizem
Nada falam
Mas os ratos irão rir nas madrugadas
E as fadas irão se vender
O mundo lá fora é um conto de fadas
E a imaginação é dormir no papelão

2 de jun. de 2011

Balada do dia dos namorados 1

                                          

Eles dois saem na cidade escura, não tem medo da noite, não tem medo dos monstros que se escondem nos bueiros, nas curvas, nos becos, nas vozes, nos gemidos.
Eles dois saem em busca da noite estranha.
Eles dois saem.
O mundo é tão pequeno quando não se sabe para onde ir, o mundo é tão grande para se encontrar um caminho. O caminho é detalhe.
O mundo é detalhe?
Eles dois saem em busca de prazer, não importa qual. Sua dor, seus colares, suas coleiras, sua dor. Eles dois buscam o que Adão e Eva eram proibidos de fazer, eles dois buscam um paraíso inconstante escondido nas pedras brutas da cidade grande.
Eles buscam a rima imperecível.
Eles buscam.
Buscam.
Saem do bueiro, saem das latrinas, saem das esquinas, saem dos bares, saem das músicas, saem das tristezas, saem das fumaças, saem dos carburadores, saem dos canos de escape, saem dos canos dos revólveres, saem dos cinemas, saem das burguesinhas, saem dos computadores, saem das drogas, saem da fumaça dos sujos cigarros riscados no chão como giz.
Eles dois, pela cidade, com a corda no pescoço, eles dois pelo mundo, eles dois sem rosto.
O destino deles?
Quando encontrarem Deus, quando encontrarem Diabo, quando estiverem bêbados demais para lembrar de onde vinheram, quando chegarem no fundo do poço, o literal fundo do poço eles explodiram em fúria e dor. Mas ainda não chegaram, ainda não estaram lá.
Mas a humanidade caminhará
E eles dois sairam pela cidade
De noite.

30 de mai. de 2011

Tocando o chão

Toco o chão com a ponta dos dedos
Abro as portas que me impedem de sair
Acordarei amanhã bem cedo
Então cedo eu terei que dormir

Na vida há um blues estranho
Seu compasso rege os meus sentimentos
Agora que sei minha estranheza no ninho
E todas as dores que alimento

A luz da vida meus olhos queima
O som que rege o universo
O som que virou da minha vida o tema

Do topo mais alto impossível chegar
Toco o chão com a ponta dos dedos
A porta irei abrir para você entrar

27 de mai. de 2011

Gaivotas

Gaivotas
Nas minhas lembranças mais remotas
Quando fui criança um dia
E minha infância era bela
Nas coisas que eu via
Escrita na pedra.

Gaivotas
Nas minhas lembranças mais remotas
Nas tardes tristes arlequinais
Nas flores, nos quintais
do caminho da escola
Se o verde pinta os quadros da vida
Qual cor pinta o coração
A emoção
E as lembranças perdidas?

Gaivotas
Nas minhas lembranças mais remotas
No farol da praia
No homem que tocava trompete
O nome dela era Maia
Ou era Bete?
Amores juvenis...

Mas agora não me lembro
Das passagens da minha vida
Dos longos novembros
Das páginas lidas
Sei que em minhas lembranças mais remotas
Há gaivotas

1 de mai. de 2011

Acalanto

Chore criança, mamãe não voltará para a casa este domingo.
Ela está presa no metrô
Ela está presa no metrô
Chora criança, o mundo não vai acabar em 2012
Nem a fome, nem a ganância terá data marcada.
Os Maias eram infelizes.
Doentes no amor.
Chore.
A balada da madrugada, domingos são domingos santos.
Judas está no hospital, malhado por hipocrisia.
Ele acreditava em Jesus.
Todo mundo sempre odiará Judas
Como odeiam o Chris.
Então?
Melodias à parte.
Todo blues feito de acordes tristes
São histórias reais.
As noites da cidade
As noites da nossa vida
As coisas mais importantes da minha vida
Aconteceram nas madrugadas
Nas esquinas
Nos becos
Nas ruas.
Chore criança, mamãe não voltará para casa este domingo.
Ela está presa no metrô.
Hoje teve Corinthias e Palmeiras
Hoje teve briga de novo entre os homens-animais.
Chore criança, o mundo é assim.
Complicado.

21 de abr. de 2011

Emancipação do homem tolo

Ah, eu fui emancipado pela religião e pela justiça!
Ah, eu fui emancipado, emancipado!
Eu fui, eu fui.
Quantas horas se passaram dês da minha última rima?
Quantos dias que se passam, esta dor não termina?
Se não sei o que o éter e a chama tem a me dizer?
Falar de vida, falar de morte, estar a viver ou a morrer?

Ah, se a dor me deixasse chorar de vez enquando.
Jesus não separou um raio de sol para mim hoje?
Por que?
Ah, se eu fui trazido e jogado no mar como um preso político.
Meu crime foi não ter acreditado em palavras vazias.
Em rimas vazias.
Em histórias vazias.
E não deixem que o sexo, as drogas e o rock and roll virem apenas um comercial.
Final.

Mas não espero tanto tantas coisas.
Se eu pudesse voltar no tempo e remoer o passado
possivelmente eu me arrependeria do que mudei
tais coisas que me aconteceram moldaram o que eu sou hoje.
E se fui jogado na lata do lixo do mundo ainda recém-nascido.
Eu aprendi que o lixo de um homem é o tesouro do outro.
Fui emancipado!
Fui emancipado!
Fui emancipado!
Mas acabei voltando para minha velha cela quente.

21 de mar. de 2011

Na prateleira do supermercado

Bêbada e semi-nua trazida e levada pelo mar, retratos de pessoas quebradas pelo vento, pelo dia, pelo sol.
Aquela menina semi-nua nas estradas, nas calçadas, nas pessoas. Ser ou não ser, eis a questão, Sheakespeare era um idiota.
Eu também sou.
Sou eu também?
Bêbada ela se diverte entre as pessoas, pessoas boas ou más tanto faz, tudo é um supermercado de sentimentos enlatados. Eu sou um produto do meio, uso plástico verde e estou na prateleira de úteis.
Eu prometi que te amo.
Não, não, não, não, não! Tudo é uma confusão tão grande. Passou-se tantas festas que eu sozinho aqui nada pude aproveitar da vasta vida, da vasta vida, da vasta vida.
Bêbada, peitos vomitados, álcool e drogas na noite de luar. Assim é a vida em pequenas cidades do Ceará, assim é a vida em pequenos passos dados ao fundo do poço. Poço? Nada importa tanto as pessoas do que um meio de chegar ao mesmo sem ter que pagar pela viagem. Poço? Ninguém quer chegar lá mas todo mundo quer pegar um pouco da água dele.
- Eu não vou!
Mas acabamos indo.
Bêbada, está nua no resplandecer de sua juventude. Nua, está bêbada no melhor da sua juventude. Jovem, está bêbada para o resto da vida.

27 de fev. de 2011

A ego-ideia

Não divulguei tantas ideias sobre algo mais ou algo menos.
A menos que nada que eu faça eu possa julgar realmente importante. A fúria de todos os deuses da natureza, a fúria de todos os deuses da chuva, a fúria de todos os deuses cristãos. Na cidade suja nada além de cores íntimas que brilham sem parar, na cidade limpa o ímpio homem caminha com as mãos no bolso sem nada falar. Tudo ou nada, apenas um verso como um gemido.
Não divulguei meus cartazes, minhas peças pessoais sobre um teatro de segredos, nada é tão importante para mim quanto eu mesmo e por isso preciso divulgar-me!
Ha,ha,ha,ha,ha,ha,ha.
O diabo na terra do sol.
As meninas estão andando por ai, fazem barulho em frente de minha casa. Seus gritos e grunhidos são auditiveis em todos os cômodos e incomodam bastante. Tento ignorar o mundo mas não quero ser ignorado pelo mundo. Pássaros negros voam.
Onde está minha loucura? Eu não sei, eu não sei.
A menos que nada dê errado, tudo pode ser dito em poucas palavras, se eu divulgar este texto, que me deem um tiro.
Morreu um poeta e nasceu outro igualzinho.

16 de jan. de 2011

No conjunto dos versos abstratos

A tarde se repete
no conjunto dos versos abstratos
a tarde se repete
no conjunto dos versos absurdos
a tarde se repete
nos sorrisos dos retratos
a tarde se repete
nas músicas dos surdos
a tarde se repete
no domingo no sofá
a tarde se repete
na chuva que não caiu
a tarde se repete
no coração que irá parar
a tarde se repete
para o cego que nunca viu
a tarde se repete
alguem escuta joy division
a tarde se repete
prelúdio para uma tempestade
a tarde se repete
não é um dia dificil
a tarde se repete
ela representa apenas a metade
a tarde se repete
e menino e menina geram outros
a tarde se repete
mas não se repete a verdade
a tarde se repete
com novos monstros
a tarde se repete
com novos motivos para fugir
a tarde se repete
sem novos motivos para sorrir

9 de jan. de 2011

Liberdade

Todos os cavalos são livres
Com o coração vivo entre a estepe cinza
Todos os pobres bebes choram de noite.
A lua é a única luz dos livres
O som do vento é a  unica coisa em que se pensa
E não temos medo da morte

Quando acordarmos
A chama da vida estará se apagando
Quando eu acordar
As noites chuvosas darão o lugar
E apareceram as borboletas que sonhamos

Todos os cavalos são livres
Com o coração vivo entre a estepe cinza
Todos os pobres bebes choram de noite.
A lua é a única luz dos livres
O som do vento é a  unica coisa em que se pensa
E não temos medo da morte

Carbono

Vazio
Agora é o peso do meu peito
E as lágrimas que a noite não curou
Mesmo que toda vez nada é tudo
E se chovesse mais um pouco esta noite
Eu não conseguiria amar amanha.

O buraco do meu peito está vivo
Ele me diz coisas tão raciveis
Nada que nada possa servir
Não consigo dormir
E comer para mim é impensável
O estômago, as pernas, os rins
O meu livro do Augusto dos Anjos apodrece
E logo este filho do Carbono e do Amoníaco também

5 de jan. de 2011

Teardrop

Amar, amar é o medo
Uma lágrima que desce no mundo
Mudar o tempo façamos cedo
Lágrima que apaga o fogo do fundo

Na meia noite de todas as noites
Medo em algum lugar
Pego flores e pessoas tristes
Pois sei onde elas vão estar

Minhas confissões
O verão se aproxima com suas chuvas
O espelho com minhas refelexões
Não sou eu pois são memórias suas

A lágrima escorre
O coração bate
Amar, viver e morre!
Não há nada que me mate!

3 de jan. de 2011

No profundo da cavena

No fato de estar perdido é sério dizer:
- Estou perdido!
Daí caimos em um mundo ilusório, lembramos-nos dos nossos amores platônicos e de nossas
bailarinas que dançam e rodopiam sem parar na nossa mente, rindo, festejando, e talvez até chorando
- Tão querido!
Chove no meu interior, na minha versão de "A floresta do Alheiamento" eu estou sozinho porém, o bosque existe, e a água é fresca. Meu espírito é um ser vivente em tal floresta e toca flauta como os filhos de Dionísio.
- Viva ao vinho, viva a verdade, viva a discórdia!
Não estou aqui por acaso, há muitos igual a mim;
Não estou aqui por acaso, mas não significa que eu esteja feliz.
Não estou aqui por acaso, mas nem estou próximo do fim
Não estou aqui por acaso, mas sinto o cheiro das flores de lís
Não estou
aqui...

Nada faz sentido no profundo da caverna.