30 de abr. de 2012

Primeiro de MAIO

           Noite quente. Estamos perto de um feriado qualquer, é dia do trabalho e eu o comemorarei com milhares de toneladas de preguiça. Rostos brilhantes nas janelas dos prédios, eu sou a nova vanguarda que saí de noite com duas garrafas de bebidas alcoólicas embaixo dos braços.
           Quando for duas horas da manhã eu componho uma música para a mulher amada.
          Amanhã não vou trabalhar.
          Amanhã eu me dou o direito de nada fazer.
          Amanhã os meus versos estarão mais descansados.
          São lágrimas?
          Noite na minha cidade. Eu adoro a noite, eu adoro os telejornais com seus apresentadores almofadinhas com suas bermudas escondidas em baixo de todo o gabo de uma bancada de maciça madeira das florestas em reserva.
          As notícias me deixam deprimido. Me sinto roubado toda vez em que eu assisto o canal político.
          Ou o canal religioso.
          Me sinto roubado toda vez pela metafísica dos astros ou pelo meus livros do tio Aristóteles. Meus quadrinhos do Homem-Aranha ficam com inveja toda vez que leio Kafka. Eu quero ser tão intelectual assistindo os clássicos da Disney.
         Ratos dançando.
         Meu download ilegal deu errado! Tenho medo do FBI bater na minha porta e confiscar toda minha coleção de desenhos animados baixados sem o consentimento do Hanna-Barbera.
         Eu queria ter sido do FBI. Hoje não gosto deles.
          Espero que chova ainda hoje, e que esta chuva não molhe apenas o sentimento de culpa do homem ideal. Que mulheres em silêncio escrevam seus verbos nuas em seus quartos prontas para dormirem.
           Eu desejo que seja feriado todos os dias.
           Sou brasileiro, logo um desgraçado!

28 de abr. de 2012

Anacromático

São seis horas, ou 18:00 como preferir. A violência do passar e repassar do ônibus e a velha expressão vazia dos seus condutores. As Américas perdem perdão para a solidão dos seus povos estranhos.
Mesmo iluminado pelo ranger dos postes noturnos eu digo olá para as vitrines e para as coisas que realmente não são necessárias.
Digo alô ao meu melhor amigo.
É sábado, tenho uma amiga chorando na WebCam. Tenho comediantes preparados para me fazerem rir. eles fazem comerciais e me fazem rir.
A novela dramática na televisão me faz rir.
Falei com Tio Ginsberg ontem de noite, seus versos continuam impuros como da última vez que eu o vi. Poesia feita para mulheres e para homens. Toca-me o profundo da alma saber que lá fora é o oposto do mundo real.
E tudo está lá. As crianças do lixão estão mais limpas na novela das nove.
Tudo é mais limpo na televisão.
Tudo é mais limpo no fundo das minhas gavetas do qual eu guardo meu salário.
Tudo é tão abstrato.
São seis horas, ou dezoito horas, ou horas "PM". Quero tentar descobrir o que tinha depois do meridiano de Greenwich. Queria voltar no tempo e bater no Napoleão, sem um motivo, só para bater.
Fecho meu mundinho com várias questões para responder. Fecho meu mundinho com as palavras sábias de um qualquer.
Já não são mais 6:00 PM ou dezoito horas.
Mudança geral no blog de poemas. Não, ele não vai falar de receitas de bolo.
O autor agora é mais autor do que era o autor de ontem. O autor agora quer ficar rico e doar todo o dinheiro
para as crianças pobres do planeta X.
É um blog de Poemas que tem 8 acessos por mês.
Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia já dizia o Cazuza.