29 de jul. de 2011

O mais solitário homem do mundo

Vive aqui o homem mais solitário do mundo
Fruto de um longo estudo
Suas razões, seus amores, seus amigos
Sua solidão
Vive aqui dentro, o mais solitário homem do mundo
Ele deseja sair, sorrir, voar. Ele não pode.
Ele está cansado de receber não como resposta
Ele está cansado de respirar o solitário e frio ar
Ele está cansado e com sono
O mais solitário homem do mundo se mistura
E a multidão se torna sua casa
Mas a multidão ignora a própria multidão
E o mais solitário homem do mundo
Não tem suas lágrimas ouvidas
Nem seu choro escutado.
Ele não ama, mas sente amor
Ele não cuida, mas quer cuidar
O mais solitário homem do mundo
não sabe para onde ir
e nem com quem ir.
Sua solidão é tanta
que ele acostumou com a solidão
E vive em um lugar só
Na terra do sozinho.
Ele nasceu só, cresceu só e morrerá do mesmo jeito
E a morte é algo que se aproxima dele
Passo à passo
Pé à pé
O mais solitário homem do mundo
Está sozinho
Eternamente

22 de jul. de 2011

Via crúcis do corpo

Teu corpo era novidade
Mas encontrei o caminho certo
Descobri a tua verdade
Pelo menos acredito ter chegado perto
Agora extasiado
Com você morando no meu pensamento
O coração parado
O tempo de espera como tormento
Conheço cada curva do teu corpo
Cada lugar que resplandeceu
Não se mede a água no copo
O sol no teu interior nasceu
Sujos e limpos no palco de pedra
Nossos corpos nus com a marca do tempo
Os nossos detritos que a água leva
E nosso passado que é limpo
Morremos e nascemos
e se tornamos uno
Não percebemos
Nosso espírito troca de turno
E nossas bocas se uniram em um estalo
E nossos corpos se uniram novamente
Não podemos mais para-lo
O que temos em mente?
Ter que ir embora
mas pensar no próximo dia
Nosso coração não demora
Pois nada se perdia
Deus morto ou vivo não viu nosso amor
E Apolo não entendeu de onde se irradiava
                                      [ tanto calor

20 de jul. de 2011

Nowere land

Eu vejo as sombras nos seus olhos
Quando a lua e as estrelas
Presenteia-me com a escuridão
E a dor nos ossos
Em cada palavra bela
Em cada batida do coração.

Para o homem que está só
a solidão não é algo
Estar só no meio do mundo inteiro
E os amigos já foram ao pó
Já não há mais o afago
Rachou a vida ao meio

Agora com o movimento dos rios
Com o frio que instala em meu peito
As minhas asas já cresceram
Irei para um mundo dos mais frios
Lá, na solidão, eu tenho meu leito
E as tristezas morreram

19 de jul. de 2011

A auto da grípe

Espirro.
O claro frio da noite me congela
O dia de amanha me espera
eu espirrarei com meu eu lírico!
eu espirrarei a plenos pulmões
eu espirrarei
eu gritarei
eu falarei
não morrei jamais!
E a enfermidade me levará.

Espirro.
Meu corpo dói
Minha vontade já foi
Espirro.
Os poetas morrem disto
disto e de amor
não amo mas estou enfermo
não amo e não sou o mesmo
amo,
não.

Espirro
Tosse e agonia.
Saí de mim fria
Mas sobreviverei junto com meus versos
Meu coração teimará em bater
Eu teimarei em viver
mesmo espirrando
mesmo tossindo
mesmo querendo morrer nos braços
de uma linda mulher

Espirro