28 de abr. de 2012

Anacromático

São seis horas, ou 18:00 como preferir. A violência do passar e repassar do ônibus e a velha expressão vazia dos seus condutores. As Américas perdem perdão para a solidão dos seus povos estranhos.
Mesmo iluminado pelo ranger dos postes noturnos eu digo olá para as vitrines e para as coisas que realmente não são necessárias.
Digo alô ao meu melhor amigo.
É sábado, tenho uma amiga chorando na WebCam. Tenho comediantes preparados para me fazerem rir. eles fazem comerciais e me fazem rir.
A novela dramática na televisão me faz rir.
Falei com Tio Ginsberg ontem de noite, seus versos continuam impuros como da última vez que eu o vi. Poesia feita para mulheres e para homens. Toca-me o profundo da alma saber que lá fora é o oposto do mundo real.
E tudo está lá. As crianças do lixão estão mais limpas na novela das nove.
Tudo é mais limpo na televisão.
Tudo é mais limpo no fundo das minhas gavetas do qual eu guardo meu salário.
Tudo é tão abstrato.
São seis horas, ou dezoito horas, ou horas "PM". Quero tentar descobrir o que tinha depois do meridiano de Greenwich. Queria voltar no tempo e bater no Napoleão, sem um motivo, só para bater.
Fecho meu mundinho com várias questões para responder. Fecho meu mundinho com as palavras sábias de um qualquer.
Já não são mais 6:00 PM ou dezoito horas.

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